terça-feira, 7 de julho de 2009

First day. (Refletindo)


Fiquei com aquela frase da última vez que escrevi martelando na minha cabeça: O que é ser feliz para você?

Então ontem eu acordei muito cedo apesar de inquieta a noite inteira pensando. Ainda não sabia o que era ser feliz. Mas me arrumei com luxo e com todo o amor do mundo, porque tinha a certeza, de que algo dentro de mim, iria mudar.

Juntei todas as coisas que iria levar inclusive meu coração aberto e fui. O tempo até pensou em atrapalhar, estava chovendo bastante.

O início da minha missão foi no Hospital Infantil Varela Santiago, local o qual jamais havia pisado e só visto de relance. Chegamos lá, preparamos todo o cenário e fizemos a maquiagem.

Logo começamos a chamar as crianças, de corredor em corredor, parecia um labirinto sem fim, assim como o olhar triste de algumas crianças que nem sequer podiam se levantar, que choravam de dor e se recusavam a ir escutar nossas histórias, graças ao grande sofrimento, mas insistimos, e grande parte fez o seu máximo para ter alguns minutos de descontração. Íamos para um lado, para o outro, as crianças diziam suas preferências de histórias: lobo, princesas ou bruxas. Sei que não fomos nas melhores horas das vidas delas, e também sei que o mais elas queriam, sair daquele lugar preto e branco, sem cores. Porém, nós tínhamos uma missão e jamais podíamos nos deixar abater e demonstrar melancolia.

Demorou um tempo até que todas as crianças e mamães se acomodassem, até que a grande hora chegou. Confesso que estava uma pilha de nervos. E lá foi, começamos a cantar: “Olha eu vou contar uma história assim...”. Meus olhos nos olhos delas, as minhas lágrimas estavam difíceis de serem contidas, piorou, quando notei o quanto é custoso para arrancar sorrisos. Chegou à parte de a criança contar a história, nenhuma se manifestou, para espanto meu. Comecei a pensar: Será que elas estavam gostando? Ou as crianças de hoje não gostam mais dessas histórias que nos encantavam? Ou quem sabe se a situação delas, as impediam de imaginar e embarcar nessas coisas doces da infância? Batia em mim, um sentimento angustiante.

Acabou e fomos para outra ala do hospital, em que a situação era pior, câncer e HIV, dois malignos por sinal. Apresentamos na sala da oncologia, era notável como as que já tinham começado a quimioterapia possuíam uma baixa auto-estima e sentiam-se feias, as outras, mal sabiam o que estava por vir. Pensei que fosse ser mais difícil de arrancar sorrisos, mas rendeu algumas gargalhadas. O pior foi conseguir fixar a atenção do começo ao fim, isso não aconteceu, para ser sincera. Mães e crianças saiam e entravam, adormeceram pelo cansaço, a médica reclamava pela janela por estarmos apresentando (devia possuir seus motivos), para ver como uma boa ação não causa satisfação da massa.

Encerrado o primeiro dia, voltei para casa cabisbaixa, triste e reflexiva. Tudo é só um processo, para desvendar minha incógnita e torna-me uma pessoa melhor. O que já venho sentindo há certo tempo.


Em resumo: foi um dia difícil.


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