Giz vermelho, uma tesoura, um pedaço de papel em branco e uma menina cheia de amor. E assim resolveu fazer um desenho, uma simbologia para o sentimento que transbordava dentro de si. Tentou rabiscar similar aos desenhos dos quais observava. Surgiu logo, um coração de papel. Resolveu guardá-lo, na sua gaveta. Nunca o jogou fora. Os anos passaram rapidamente, era nítida sua mudança de menina para moça, de moça para mulher. Seu desenho também estava mudando, ficando mais abarrotado, a cada decepção que sofria, estava cortado em pedacinhos e perdendo toda sua pureza. Decidiu usar cola e giz, para reconstituí-lo. Continuou realizando este ritual por um bom tempo. Porém, certo dia se cansou. Pegou aquele coração todo remendado e jogou fora. Arrependeu-se. Desenhou outro, para ocupar o lugar. Este, estraçalhado, confuso, apaixonado, picotado, esquecido, pisoteado, foi reconstituído mais outras vezes, jogado fora e substituído. Seguia sempre desse modo. Se parasse para juntar os retalhos, os pedacinhos, mostraria como ele viveu e morreu, inúmeras vezes. Insistindo em sobreviver sempre, nos corredores ou em nossas gavetas. Só no dia que nós decidimos pegá-lo e enterrá-lo, que ele vai desaparecer. Ai pronto. Era uma vez, o amor. (e o coração, de papel!)
Nenhum comentário:
Postar um comentário