sábado, 29 de março de 2008

Alma feminina


Há homem que diga: ô sexo frágil
Tratando como na pré-história
Pensando de maneira ilusória
Além de não lembrar quão é versátil

Há homem que trate com amarga tolerância
Por não saber como tratar
Tenha um olhar de doce insignificância
Por medo de se apaixonar

Há homem que negue que pensa
Na dona da maternidade e estranhe
E que por pior que seja, sonhe
Com um sorriso de princesa.


Ainda há o que saiba: luxo e delicadeza
Que veja mesmo sem enxergar, sutileza.
E espione o que a nós mulheres pertence
A alma feminina, que nenhum homem vence.

Bárbara Rodrigues

domingo, 23 de março de 2008

A garota dos doces

Todos os dias, naquelas primeiras horas que iluminavam a manhã, o galo daquela pequena cidade cantava e a pequena garota de longos cachos ruivos, transformava seus desejos em doces.
Ela preferia trabalhar em chocolates, aquele aroma de cacau a encantava e ninguém conseguia superá-la ao preparar os doces, ficava como se estivesse hipnotizada.
Rodeava-se de pensamentos doces, assim como o produto que suas mãos manipulavam com enorme prazer, pois o dinheiro que conseguia com a venda, era usado para contribuição em casa.
Porém, por vezes, a fúria daquele momento fazia a pequena garota começar a ser atormentada por sua indignação e de uma maneira quase que mágica, seu chocolate muda violentamente.
Seus sentimentos e sonhos ficavam presos ao chocolate, e quem os ingeria, tinha tais desejos realizados. Então, quando o “encanto” a envolvia, eles ficavam impregnados com uma energia bela e positiva, enquanto os outros, resultado dos momentos de "fúria", acabavam saindo terrivelmente amargos.E a pequena garota acabava comendo-os, já que não vendia os chocolates “mal-sucedidos”, e como sua renda não era das melhores, na verdade, mal dava para pagar a produção dos chocolates.
A amargura tomava conta da moça, com amargura era o único jeito que sabia viver. Pensava na felicidade para todos, só não tinha crendice em sua própria felicidade. Achava que o destino lhe pregava tal condenação. Todos os seus desejos acabavam por se realizar com suas amigas e pessoas as quais vendia seus bombons.
Continuou sendo assim por muito tempo, cada vez mais a amargura tomava conta dela, até que certo dia, as primeiras horas do dia não foram as mesmas, o galo da cidade não cantou, e o mais estranho, a garota não transformou seus desejos em doces como de costume. Ouvia-se apenas o barulho de pequenos passos e um vulto distante. Depois desse dia, ninguém mais viu a pequena garota, a única coisa que foi encontrada foi uma cesta, na porta da sua antiga casa com um bilhete dizendo o seguinte: “Os sonhos são, por definição, amaldiçoados com uma vida breve.”.
Se houvesse sonhos para vender, que sonho comprarias?

Bárbara Rodrigues

sábado, 22 de março de 2008

Aquela que milagre nenhum pode vencer...

As flores são milagrosas e podem vencer muitos males, mas há exceções e uma delas é a morte. Não que ela seja uma derrota, como possa parecer e as idéias pré-fabricadas façam as pessoas pensarem dessa maneira, deixando-as inconformadas e as fazendo esquecer de que a coisa mais segura e certa que a vida inventou é a morte. Se o fim foi trágico, e aquele que partiu foi belo, não há motivos pra inconformismo, pois há mil maneiras de mantê-lo entre nós.

Breve texto com a denifinição da morte,
inspirado nas idéias presentes nas entrelinhas do livro
"O menino do dedo verde" de Maurice Druon.