Lembro-me bem, era noite de inverno e estávamos em família turistando em Brasília de férias. Sentados numa mesa na pizzaria Fratello, jogando conversa dentro (pra não dizer fora, afinal seria desperdício), aguardando a pra lá de meio metro chegar, quando passa um homem, pela sua aparência e sotaque, digo que veio desses países orientais, japonês, chinês, coreano... ah! Tanto faz, dá no mesmo não é?
Com uma caixa cheia de bugigangas, todas importadas. Meio desajeitado ele aproxima-se e diz: “Chavelo”, “lantená”, “Cãneta”?
Então eu agradeci e fiz sinal negativo com a cabeça e meu irmão, como adora milacrias, pediu para dar uma olhada. Viu uma lanterna e perguntou:
- Qual o valor?
- “Cãneta”? (mostrando os vários tipos)
- Não, o preço da lanterna.
- Si, si. Quinsé a menor e dossé a maior.
- Tudo bem, vou levar.
- “Cãneta”? (falando de maneira insatisfeita por ele só querer levar a lanterna)
- Não, só isso mesmo. Tem troco pra cinqüenta?
- “Cãneta?”
- Nãããão, troco. (mostrando a nota)
- Si, si. Mas não quer “Cãneta”? (com ar meio pra baixo)
- Não. Por favor... (entregando o dinheiro)
Entrega o troco, e a laterna. Mas resiste, anda um pouco e pergunta novamente:
- “Cãneta” , não?
- Não, OBRIGADO.
Resumindo, só há duas opções: ou aquele oriental não entendia português direito, ou havia certo desespero por vender caneta (só queria entender o porquê).